É sempre difícil ver aquela pinta
vermelha no meio do cinza, quando se vê isso de cima.
Hoje fui para a minha
psicanálise, que fica em uma prédio todo preto que parece ser todo feito de
vidro preto; porém não é além das janelas, que são mesmo de vidro, só que com
aqueles adesivos pretos. E mais os concreto simples com uma fibra esquisita na
frente , que faz parecer que é de vidro preto.
No meio da consulta eu olhei pela
janela e me intriguei. É tudo tão sujo, mesmo as árvores não quebram o
contraste, pois logo acima delas tem aquele prédio, indescritível, mas não por
ser belo. Sim por ser igual a grande maioria dos outros. É todo cinza, com a
beira da janela bege-claro. Não vi nada além de asfalto, lixo voando com o
vento que fazem os carros, e pessoas pequenas passando usando roupas escuras.
Até conversei com minha psicanalista sobre se todas as metrópoles são tão
sujas.
Desci pelo elevador alguns
minutos depois, e procurei ver se aquele lixo esvoaçante ainda era tão presente
quando saí do prédio preto. E era, só que dessa vez, havia mudado de cara. Já
não era mais intrigante, era triste. Eu imaginei a dor da terra, outrora
coberta por vegetações rasteiras, agora encoberta por trilhões de canos, e logo
após uma camada cinza de asfalto.
Fui atravessar a rua justo do
lado de uma caçamba de entulho. Isopor em grande escala, pedaços de cimento
velho e caixas eram a visão predominante para quem a olhava por dentro. Logo a
frente dos meus pés, eu vi uma poeira branca, que provavelmente veio daquela
montoeira de cimento velho. Também haviam dois objetos em particular. Um deles,
era um galho bem fininho, que alguns diriam até ser um cabo, parecendo a coroa
de louros de césar, todo verde, envolto por várias folhas verdejantes.
Quebrado. De forma elegante, sem nenhuma falha, porém quebrado. Arrancado de
sua arvore mãe. O outro objeto era uma
flor surrada de cabo verde e pétalas vermelhas, no meio das belas pétalas saia
outro cabo, em cima do cabo havia uma daquelas coisas amareladas cilindrais que ficam no topo de algumas flores. Se esse
pequeno cilindro fosse uma torre, seu vigia ficaria decepcionado com a visão
cinza e triste, e voltaria para usa casa para assistir filmes e comer, se
esquecendo da tristeza.
Quando olhei da janela do prédio
preto, não reparei nas plantas jogadas no asfalto. Talvez por estar acima
delas, apenas curioso, mas não observador.
Agora, com a crônica tendo sido
acabada, vou até minha varanda e olho pela janela. Vejo a caçamba. Mas nenhuma
flor. Isso devia me deixar triste ou feliz? A flor foi dormir, devo ir também.
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