Esse é meu blog de crônicas, vou postar aqui meu textos... é isso, só mais uma coisa. Eu vou postar o link de musicas que eu acho que me lembram as minhas crônicas. Boa vida para todos.

domingo, 17 de março de 2013

Vermelho no cinza


É sempre difícil ver aquela pinta vermelha no meio do cinza, quando se vê isso de cima.
Hoje fui para a minha psicanálise, que fica em uma prédio todo preto que parece ser todo feito de vidro preto; porém não é além das janelas, que são mesmo de vidro, só que com aqueles adesivos pretos. E mais os concreto simples com uma fibra esquisita na frente , que faz parecer que é de vidro preto.
No meio da consulta eu olhei pela janela e me intriguei. É tudo tão sujo, mesmo as árvores não quebram o contraste, pois logo acima delas tem aquele prédio, indescritível, mas não por ser belo. Sim por ser igual a grande maioria dos outros. É todo cinza, com a beira da janela bege-claro. Não vi nada além de asfalto, lixo voando com o vento que fazem os carros, e pessoas pequenas passando usando roupas escuras. Até conversei com minha psicanalista sobre se todas as metrópoles são tão sujas.
Desci pelo elevador alguns minutos depois, e procurei ver se aquele lixo esvoaçante ainda era tão presente quando saí do prédio preto. E era, só que dessa vez, havia mudado de cara. Já não era mais intrigante, era triste. Eu imaginei a dor da terra, outrora coberta por vegetações rasteiras, agora encoberta por trilhões de canos, e logo após uma camada cinza de asfalto.
Fui atravessar a rua justo do lado de uma caçamba de entulho. Isopor em grande escala, pedaços de cimento velho e caixas eram a visão predominante para quem a olhava por dentro. Logo a frente dos meus pés, eu vi uma poeira branca, que provavelmente veio daquela montoeira de cimento velho. Também haviam dois objetos em particular. Um deles, era um galho bem fininho, que alguns diriam até ser um cabo, parecendo a coroa de louros de césar, todo verde, envolto por várias folhas verdejantes. Quebrado. De forma elegante, sem nenhuma falha, porém quebrado. Arrancado de sua arvore mãe. O outro objeto  era uma flor surrada de cabo verde e pétalas vermelhas, no meio das belas pétalas saia outro cabo, em cima do cabo havia uma daquelas coisas amareladas cilindrais  que ficam no topo de algumas flores. Se esse pequeno cilindro fosse uma torre, seu vigia ficaria decepcionado com a visão cinza e triste, e voltaria para usa casa para assistir filmes e comer, se esquecendo da tristeza.
Quando olhei da janela do prédio preto, não reparei nas plantas jogadas no asfalto. Talvez por estar acima delas, apenas curioso, mas não observador.
Agora, com a crônica tendo sido acabada, vou até minha varanda e olho pela janela. Vejo a caçamba. Mas nenhuma flor. Isso devia me deixar triste ou feliz? A flor foi dormir, devo ir também.


Nenhum comentário:

Postar um comentário